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quarta-feira, março 19, 2008

Murmúrios de um dia sombrio

Vou me despedindo da vida, lentamente. Não sou eu quem está desistindo dela, mas sim é ela que a cada dia um pouco se vai.

E olhar pra trás traz tanta coisa, que já nem sei mais o que sentir. Uma felicidade inconstante pelos tantos momentos inesquecíveis. Um acelerar do coração trepidante ao pensar em tanta gente que passou pela vida. Um derramar de águas torrencial por todas as desilusões. É uma amargura doentia, por saber que não dá pra voltar atrás e recomeçar.

E tem tanta coisa que se quer deixar. Todo mundo quer se eternizar, nem que seja na vida de apenas uma pessoa. E deve doer sentir que se passou a vida a esmo, sem deixar rastros, nem sinais, nem lembranças...

Se eu tivesse um único desejo para depois da minha despedida seria ter minhas memórias guardadas dentro de um coração zeloso. Alguém que pudesse cuidar delas e fazer com que nunca se apagassem.

Se eu estivesse partindo hoje, gostaria de deixar como herança, a meus amigos, a minha família, a meus amores, tudo o que sinto. Tudo que não pude sentir. E tudo o que quis sentir.

Se eu soubesse mesmo quando o fim chegaria, gastaria meus últimos minutos dando todo tempo que não tenho dado a toda gente que tem merecido.

Se eu soubesse, se tu soubesse, se qualquer um soubesse... a angústia não faria sentido. E não haveria dúvida, não haveria estímulo.

Melhor não saber... e tentar fazer por merecer quando ainda estou viva.

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