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domingo, março 29, 2009

Lucky

Até as estrelas abriram as cortinas para deixar entrar a melodia que na Terra embalava multidões. A noite deixou de ser negra para assumir cores. Assim, ela podia se misturar aos demais e dançar, dançar, dançar até cansar e poder se recostar ao longe, oferecendo seu colo e seu manto para apaziguar os ânimos de quem também já não tinha voz.

Não havia nada que não estivesse, nesse momento, conectado. Corações, mãos, olhares, ouvidos, vozes, tudo vibrava junto, eternizando para sempre um sentimento tão único e ao mesmo tempo tão compartilhado.

E, no fim, a chuva nem voltou. Já tinha tanta água escorrendo de olhos tão emocionados, que não era preciso molhar mais nada.

quinta-feira, março 12, 2009

O começo do fim

Da pena foram caindo as plumas e do tinteiro restaram apenas algumas gotas secas. O papel largado em cima da mesa, com duas ou três frases começadas e não acabadas denunciava o desprezo pelo pensamento que ali se prendia. A cabeça estava em outro lugar, ou seria o corpo todo que teria sido engolido pela página em branco?

domingo, março 01, 2009

Eterno desconforto

Eu nunca entendia se aquela excitação que eu sentia era comum ou era apenas uma reação exclusivamente minha àquele emaranhado de sons e imagens. Eu sentia que fazia parte deles, ou ao menos deveria fazer, e pensava que talvez fosse essa a explicação mais sensata para eu continuar achando que a minha vida andava a esmo, sem graça, movimentada apenas pela inércia de tudo à minha volta.
Eu queria sair, conhecer o mundo, ir além da geografia, para aqueles outros mundos em que existia cor e melodia e nos quais valia muito a pena trocar a noite pelo dia.
Eu ficava sentada, aqui e ali, sempre na ânsia de que alguém, percebendo meu desconforto e desvendando meus desejos, me levasse para onde eu realmente queria estar.