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sexta-feira, outubro 17, 2008

CV

Faço parte das poucas (e dos poucos) Suzinas nesse mundo. Além de mim, só minha mãe, minha irmã, um tio e mais três primos. E uma colina na Croácia. Nasci e cresci numa cidade do Paraná que parecia grande, mas tinha jeito de cidade bem pequena: Ponta Grossa. Trabalhei desde os 10 anos nos movimentos da igreja perto da minha casa, onde descobri minha paixão por gente, por conquistar públicos, por organizar eventos e planejar atividades. Desde os 11 já sabia que queria fazer Comunicação. Antes disso, queria mesmo era ser carteira. Troquei muitas correspondências com amigos, uma caixa cheia delas. Aos 18, mudei com minha família para Curitiba, para minha primeira jornada de trabalho durante o dia e estudo durante a noite. Estudei sempre em escola pública e tenho saudades dos corredores do colégio, das cantinas e das carteiras grandes de madeira. Prestei vestibular durante 4 anos. Tentei outros cursos antes de me decidir oficialmente pelas Relações Públicas: Jornalismo, Design Gráfico, Publicidade... Prestei Metodista de São Paulo por acaso, sem intenção nenhuma de largar casa-mãe-emprego. Passei e ganhei uma bolsa de estudos irrecusável. Mudei de novo, para morar com minha irmã. Um mês depois da minha chegada ela voltou pro Paraná. E aí fiquei sozinha. Trabalhei em agência de publicidade, em clínica de ortodontia, em ong, em petroquímica. Fiz freela quando fiquei desempregada, em assessoria de imprensa e em agência de eventos, sendo a mocinha que abria portas num Congresso. Neste último, ganhei em quatro dias o que ganharia em um mês. Trabalhei voluntariamente tentando fazer assessoria de imprensa para uma banda. Gosto de música. E de cinema. E de literatura. Tenho um blog. Acho meus textos piegas, mas publico. Adoro a cultura da América Latina. Amo a Argentina e o Rio Grande do Sul. Gosto de frio com céu azul. De comer fandangos com danoninho. Cheirar o pó de café me traz uma sensação boa. Adoro bolo de cenoura, arroz com feijão preto e lingüiça frita. O som que mais ouço é rock, o escritor que mais leio é Luis Fernando Verissimo e vou ao cinema para ver filmes alternativos. A pessoa de quem sinto mais saudade é meu pai. Coleciono patos. Quero fazer um curso de Economia. Tenho planos de conhecer Londres, Santiago do Chile, Dublin e Córdoba. Adoro cachorros e a minha é Bela. Não sei dirigir. Estou aprendendo a nadar. Tenho taquicardia e enxaqueca, mas preciso mesmo é cuidar da prolixidade. Quando começo a escrever, fica difícil parar.

terça-feira, outubro 14, 2008

Uma noite daquelas

Hoje tá uma noite daquelas... Daquelas em que você quer ficar pela rua, andando, bebendo, cantando, vendo gente e arrumando pretexto para ficar sempre mais. Daquelas noites que te fazem até acreditar que o mundo é perfeito e todas as pessoas são felizes. Quem me dera... A lua tá lá, redonda, majestosa, imponente, esbanjando sedução. E nada desse papo piegas, que tá com ar de enamorada e coisa e tal. Se ela tivesse olhos, eles, hoje, nesta noite, estariam cheios de malícia. Convidando pra esticar mais um pouquinho e dando mais uma razão para não voltar pra casa tão cedo.
Hoje tá uma noite daquelas de cidade de interior, que mesmo bem tarde da noite ainda tem gente sentada no banco da praça, de papo.
Tá uma noite daquelas de sentir saudade das boas companhias. Dos bons amigos. Daquelas em que você liga pra convidar alguém para dividir o banco da praça. Ou vai na casa da pessoa mesmo. Uma noite daquelas de querer levar a cama pra fora, deitar sob o céu estrelado e adormecer entorpecido com o ar da madrugada.
Hoje tá uma daquelas noites em que é bom ter alguém do lado, pra comentar da brisa, do vento nos cabelos, da sensação de arrepio, de olhar bem fundo nos olhos e deixar que deles saiam as palavras. Uma daquelas noites que depois viram livros.
Hoje tá uma daquelas noites que a gente quer que não termine.

domingo, outubro 12, 2008

Leva e traz

Porque tem aqueles dias em que você se sente um tolo e a saudade aperta e vai trazendo com ela todas as lembranças que, pelo menos agora, você está tentando esquecer. Voltam todas as imagens e todas as sensações. E você fica ali, parado, como se tivesse esquecido o caminho que tem que seguir para chegar no seu destino. Na verdade, você começa a questionar o próprio destino. Era para lá mesmo que você queria ir? Quanta coisa muda no meio do percurso. Algumas coisas que levamos a gente descobre que é tralha velha, aquelas às quais nos apegamos, mas que só nos fazem sentir mais cansaço. E tem aquelas outras tantas, que descobrimos que, por mais que se queira deixá-las para trás, estão muito bem amarradas na nossa história e que vão deixar marcas em nosso rastro. A mala da viagem não é muito grande, por isso nem sempre o que queremos levar cabe lá dentro. E, mesmo que caiba, é preciso deixar um espaço vazio, para preencher com o que de bom encontrarmos no caminho. Fazendo trocas, vamos mantendo o peso adequado para não desistir da jornada. A dor do abandono às vezes é maior do que o prazer de agregar o desconhecido. E vamos andando, nesse eterno jogo de perder e ganhar, deixar e levar, sorrir e chorar até que descobrimos que algumas coisas que tivemos que largar em algum pedaço da estrada, e que achamos que não seriam mais recuperadas, ficaram bem guardadas, dentro do nosso coração. Aquilo que realmente importa não pesa.