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sábado, abril 26, 2008

Tchau, tchau balão

O balão redondo e brilhante ia subindo
Ganhando o céu
Da calçada, o menino com os olhos húmidos
Apenas contemplava
O ponto colorido que cada vez mais distante ficava
Lamentando por ter deixado escapar o fio de seus dedos

quarta-feira, abril 23, 2008

Rascunhos meus

Nesta volúpia insana de tentar dizer o que sinto
Já gastei tantas palavras
Tanta tinta rabiscada em sabe-se lá quantas páginas de rascunho
Quantas horas parada olhando o nada e vendo tudo
Encontrando um milhão de respostas indescritíveis
Para perguntas que não sei de onde vieram e muito menos para onde vão me levar.

domingo, abril 20, 2008

O último apaga a luz

Sobrou o palco vazio e o eco da platéia que ainda pedia bis.
Da guitarra no chão apenas o tremular das cordas depois do último acorde.
O vazio tomou conta da alma e a multidão se sentiu só.
As mesmas imagens ficariam gravadas na memória de quem assistiu.
As mesmas palavras continuariam cada vez mais fazendo parte da história de quem acompanhou.
Os mesmos versos seriam repetidos muitas vezes, incansavelmente, de geração em geração.
E esses mesmos versos contariam sobre dias de amizade, música e boemia.
E os corações daqueles que estiveram ali continuariam batendo forte, apertados de saudade.
Sempre com a ilusão de que os dias felizes voltariam.

sábado, abril 19, 2008

Aridez

Assim como há dias de muita tempestade
E meses de chuvas onipresentes
Há um momento em que a seca chega
Aquece
Consome
E as águas fogem e são engolidas pelas terras áridas
E as palavras somem e se perdem em folhas em branco
Não há gota
Não há expressão
Só o desejo de que a chuva chegue

sábado, abril 12, 2008

Próximo

Há uma fila de acontecimentos pedindo para serem sentidos, mas o coração atende só um por vez. E quanto tempo cada um vai ocupar o palco principal não é possível saber.

Eles ficam lá, enfileirados, com as mãos erguidas, sempre fazendo algo para pedir atenção. Especialmente porque não é a ordem em que se encontram que vai dar prioridade, mas a intensidade com que querem ser vistos.

Alguém espia e grita para os de fora: "esse aqui não dura muito mais tempo, fiquem de prontidão".

E quando o outro sai pela porta ao lado, realizado ou chutado, o que todo mundo quer é saber para qual dentre eles os olhos se voltarão.

quarta-feira, abril 02, 2008

Top 5

Eu sempre tive dúvida se o que eu mais gostava em você era também o que eu mais odiava.
Era seu jeito calmo e tranqüilo, que transpira confiança, o mesmo que me enfurecia por ter que esperar tanto tempo por uma reação sua.
Era também esse seu jeito amável, afável, sociável que me fazia gostar tanto da tua companhia, mas que me fazia deitar todos os dias com mil dúvidas rondando minha mente.
Era sua boa conversa, que me fazia querer contar, dividir e falar qualquer bobagem, mas que, sutilmente, me fez falar mais de mim e do que sou do que pretendia.
Era seu bom humor constante, que me fazia rir quando tinha vontade de explodir, mas que sempre me fez questionar o quanto você se envolve com as coisas.
E tinha esta outra característica, tão sua que me metia medo, especialmente porque não conseguia descrevê-la ou interpretá-la, de fazer despertar em mim a menina boba que eu tinha jurado para mim mesma que não deixaria mais que saísse para brincar. Era o que eu mais odiava. Era quando eu menos me ouvia.
A menina voltou pro castigo.