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segunda-feira, janeiro 22, 2007

Sobre estar triste

Às vezes ele chega assim de quietinho... vai se aproximando tão devagar que você nem se dá conta de que ele está ali. Ele te mira, ele te foca, ele te filma. E de uma hora pra outra, toma conta do dia que parecia ser mais um comum, mais um sem novidade nenhuma.

Discreto, sutil, leve, silencioso... Esse tal sentimento sopra leve na nuca da gente, e a gente não entende porque carrega os ombros tão pesados depois. Ele prova do seu doce e o contamina com seu amargo, ele vigia o seu sono pra te acordar no meio da noite...

Num susto. Num furto. Num pulo.

E o coração dispara e não há o que faça parar mais. Parece que cada curva, cada esquina, cada porta que se abre vai trazer aquilo que parece ter sido previsto em algum instante que você não reconhece. Um coração que cansa, de tanto que bate, agoniado pela espera daquilo que ele não sabe o que é e nem se vai acontecer.

Traz consigo uma aflição que só o vento acalenta, que só a chuva limpa, que só aquela lágrima escondida no canto do olho liberta.

Uma sensação de ter o coração preso nas grandes mãos de um gigante. Sufoco que não passa, cura que falta, sentimento que sobra. Tranborda.

quinta-feira, janeiro 18, 2007

Ser

Ser maluco não tem crédito. Ser desprovido de ambições é tolo. Ser engraçado é não levar a sério. Ser desencanado é descomprometido.

Ser doce é bobo. Ser gentil é capacho. Ser simpático é oferecido. Ser falante é exibido.

Ser quieto é sem graça. Ser poeta é doloroso. Ser correto é careta. Ser rebelde é transgressor.

Ser independente é egoísta. Ser maduro é sério. Ser curioso é indiscreto. Ser reservado é individualista.

Ser transparente faz doer. Ser responsável é chato. Ser disciplinado é cansativo. Ser realista é duro. Ser triste é enfadonho. Ser feliz é exagero.

Mas todos somos.

Uma multidão de seres. Uma multidão de ser.

Quem somos?

Quem seremos?

Quem queremos ser?

Somados somos seres completos.