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sexta-feira, agosto 24, 2012

Tão perto, tão longe

Acordou com um bilhete em sua mesa de cabeceira. Abriu os olhos e ali estava a folha branca, dobrada ao meio, com duas palavras escritas "para você". Não sabia como tinha ido parar ali. Sentou-se na cama, passou a mão pelos cabelos, tomou o papel nas mãos e abriu-o. Um parágrafo, no meio da página, dizia: "Já faz tempo desde a última vez que nos vimos. Mas ainda, quando fecho os olhos, vejo os seus, fixos em mim, como nunca alguém havia me olhado antes. E ainda sinto seu cheiro em todo lugar, carregado de lembranças só nossas. Já faz tempo, mas suas palavras de despedida ecoam na minha mente como um disco arranhado ou uma música na função repeat. Já faz tempo, mas parece que foi ontem. Já faz tempo, em outro lugar, numa língua qualquer, mas eu sinto como se tivesse sido agora, há dois minutos, em um idioma que só nós dois entendemos. Já faz tempo, mas mesmo longe encontrei um meio de dizer hoje. Já faz tempo, mas desaprendi a contar os dias. Já faz tempo, mas ainda há tempo. Estou te esperando lá fora. Não demore." Acabou, como sempre, com uma letra e um ponto final.