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domingo, julho 27, 2008

Conjugação

Eu não falo
Tu não falas
Ele não sabe
Nós não contamos
Vós não sabeis
Eles não entendem

Eu não dou o braço a torcer
Tu não arriscas
Ele não sabe
Nós nos perdemos
Vós só assistis
Eles continuam não entendendo

sexta-feira, julho 11, 2008

Me perdi

Cansei. Nem tenho muito o que falar, o cansaço engoliu minhas palavras. Fico andando entre as pessoas, nas calçadas e nas ruas, e lembrando de tanta coisa, de tanta gente. Não dá pra reunir cada coisa em tentativas exclusivas de um texto filosófico. A filosofia está se esgotando. Na mesma medida em que a areia da ampulheta corre e deixa vazio o espaço que ocupava e que vai ficando pra trás. Tenho procurado coisas que não sei onde estão e nem sei o que são. Repudio a mão que me oferece ajuda com a mesma intensidade em que desejo que ela me dê força para levantar. Ou pouca, ou muita. Tem dias em que o riso chega fácil e resiste e não vai embora. Agora tem uns outros em que ele escapa pela borda dos lábios e corre furtivo pelos cantos e beiradas de qualquer lugar. Sem avisar. E tem muito mais coisas que se perdem. Objetos pela casa. Lembranças antigas. Mapas de como chegar. E, em toda mudança, a gente também deixa para trás um porto seguro. Um amigo, um médico, um dentista, ruas conhecidas, rostos familiares, um nome, um gesto, um abraço, um bem estar. Tudo isso pra, quem sabe, achar outra coisa pra pôr no lugar. Somos, definitivamente, seres muito estranhos.

sábado, julho 05, 2008

Onde está o novo

Risco com a ponta do lápis a folha em branco na espera de que alguma boa idéia apareça. Não sei o fantasma de quem as afastou de mim. Agora, um vazio surdo e escuro toma conta do espaço donde tantas cores já brilharam.

É noite, não tem luz. Tateio para reconhecer algo que me ponha em paz novamente, que firme meus pés com a segurança de poder caminhar.

E se me adianto e ainda acredito é porque sei que há algo adormecido esperando apenas o dia amanhecer para nascer. De novo, o novo.