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domingo, maio 13, 2007

Sobre mães e filhos

Um amontoado de gente espera por um espaço na fila para entrar na churrascaria. E na porta do restaurante chique, a cena se repete. E em muitos outros lugares. Tudo isso porque hoje é dia das mães e alguém disse que a primeira coisa que se deve fazer nesse dia é levar aquela que te pôs no mundo para uns momentos longe da cozinha e do fogão, mesmo que ela tenha que esperar até duas horas em pé embaixo do sol.

É lógico que elas amam, porque muitas vezes é uma das raras oportunidades de ver a família reunida almoçando. Filhos, netos, noras, genros, sobrinhos, marido, irmãos. Uma lista enorme de pessoas que só se encontram em datas marcadas em vermelho no calendário em cima da mesa: natal, páscoa, dia das mães.

Mas e nos outros dias? O que acontece? A sina dos dias solitários, esquecidos, abandonados? Ou a de ouvir o filho batendo a porta contrariado, o marido reclamando da comida e a nora dizendo que sogra é um presente de grego que se ganha no dia do casamento?

Família começa na mãe. Digam o que disserem, mas a verdade é esta. Só existe família a partir de uma mãe. Além de ser ela a carregar o fruto da união, a junção de características, personalidade e jeito de dois seres que se amam, é ela que mantém todos reunidos, juntos. A mãe suporta tudo pela felicidade de ver a família reunida, nem que seja por cinco minutos.

Dia das mães todo mundo lembra da dor do parto, das puxadas de orelha, dos castigos, dos ensinamentos, tudo como se fosse uma coisa bonita, fim de novela. Mas no dia-a-dia o reconhecimento, a paciência, o respeito ficam pro segundo plano.

Dia das mães pra mim é igual a tantos outros dias do ano: sinto falta da minha mãe, do cheiro dela, da risada dela, do carinho dela, da preocupação dela e dela, todinha, aqui perto de mim. E não é porque é dia das mães. É porque estar longe e ser gente grande sozinha, num mundo distante de casa me fez perceber a importância de ser mulher forte, sem perder a sensibilidade. De falar grosso pra corrigir um erro mesmo quando o coração se parte em dez por isso. É ter que escolher entre diversão e compromisso e ter que optar pelo segundo porque a responsabilidade fala mais alto. É ter que sorrir e comemorar em alguns momentos, mesmo tendo lá dentro um coração que chora agoniado de saudade, causada pela ausência de alguém. É olhar pro saldo bancário e ter que escolher pagar a conta ou comprar a roupa nova bonita.

Compreendo assim muita coisa que minha mãe passou pra eu poder chegar onde cheguei. E sei o quanto sofre e sofreu a dor da ausência, tanto quanto eu. E que ela dá tudo dela para ver a gente juntas e felizes, as três, mulheres fortes e sensíveis.

A ela todo o meu amor, dedicação, reconhecimento e acima de tudo, compreensão. Não só hoje, mas em todos os dias. Porque a data especial dela em minha vida é todo dia.

Um comentário:

*** Bisss *** disse...

É vero !
ops,primeiro comments no post "seleção não natural"
bjs...