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domingo, novembro 22, 2009

Despedida

Uma sala vazia. No canto mais distante, o rádio pronto para ser tocado. O piso de madeira brilhava, fazendo notar a limpeza que haviam feito. Em todo o ambiente, apenas uma janela, de frente para a rua, com curtas cortinas cor-de-rosa bem clarinho voavam com a brisa que vinha lá de fora.
A noite já ia alta. No relógio, faltavam poucos minutos para a hora marcada. O seu tic-tac era o único som que se ouvia.
Ouviram-se passos, que por um momento se detiveram na porta. Os sapatos marcaram o novo compasso até a janela. Suspiros. Olhos rasos d'água. Ficaram assim, parados, olhando o nada, por um bom tempo. O cabelo dela agora acompanhava os movimentos do tecido que emoldurava a abertura na parede. Ele olhava para baixo e volta e meia a espiava. Gostava daquele vestido verde-escuro. Lhe trazia várias boas lembranças.
Eles sabiam que depois desta noite nada mais restaria. Já não havia mais outro caminho. Ou melhor, eram os outros caminhos que agora os separavam, apesar de todo sentimento que ainda tinham.
Num gesto rápido, ela virou-se, caminhou até o rádio, tomou dois cds nas mãos. Analisou longamente cada um deles e os devolveu na mesa. Olhou para um terceiro volume. Era esse.
Tocou de leve o braço dele e o conduziu para o meio da sala. Sem dizer uma única palavra, se abraçaram, ela deixando a cabeça descansar no ombro dele, ele com os dedos envolvidos por seus cabelos. E enquanto os músicos cantavam a incerteza, os dois dançavam sua despedida... "He can't always be wrong, she can't always be right / not a matter of choice, just a matter of time / Till they know where they stand / Once they've reached the end."

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