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sábado, fevereiro 02, 2008

Marcado pelo destino

Era sempre assim: quando as dores chegavam para dilacerar sua alma, sentia como se tivesse aberto os braços para uma chuva de pequenas agulhas que caíam, atiradas propositadamente contra ele. Podia ver-se fechando os olhos, sabendo cada passo da dor que iria sentir, como se estivesse predestinado a sofrer sempre esta angustiante situação.

E sentia que as dores lhe pertenciam porque precisava conhecer cada uma delas, de todos os jeitos, sentir tudo o que havia para se sentir, para poder entender do que sofriam as gentes com quem vivia e assim, conseguir dar um pouco de conforto e alívio para elas, nem que fosse só com um gesto, só com um toque ou só com uma palavra.

O destino lhe tinha sinalizado e o encontraria sempre. Já estava certo disso e por esse mesmo motivo nem fazia nenhuma tentativa de fuga. Sabia que seria inútil. Aonde se escondesse, por onde andasse, ele se confrontaria com a verdade absoluta de sua vida, a missão a que tinha sido destinado desde o momento da sua concepção: a do sentir para ser. E só.

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