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domingo, maio 03, 2009

Psicopatologia da vida cotidiana

Oito andares que levam à redenção, redução dos pecados, ampliação de perdões.
Escadarias que deveriam ser trilhadas de joelhos são substituídas pela rapidez e indolor subida de uma caixa metálica
Não há nada mais agoniante que os segundos que separam o chão do oitavo andar
Porque é o choro engasgado que quer sair
Porque é em oito segundos que as lembranças de oito dias, ou de muitos anos, passam correndo pela frente dos olhos, mas sem deixar que outras pessoas as vejam
Todas as dúvidas saem, sorrateiras, dos buracos onde se escondiam
Fazem caretas, riem-se
E as mãos que deveriam afagar sufocam a voz
Tentam suprimir a porção generosa de sentimentos que vem de dentro, do poço mais profundo
Inutilmente
Porque os diferentes tons de branco e azul vão capturar os olhos
Vão raptar toda atenção
E vão abrir toda a bagagem que veio posta nos ombros
É quando os oitos multiplicam-se
Por seis, por sete
Para acalentarem desalentos
Arrebatarem os arrependimentos
Arrefecerem as emoções
Deixe o cheque na mesa quando sair

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