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quarta-feira, dezembro 13, 2006

Uma roupa que não cabe

Não se encaixa. Não cabe, por mais que faça os olhos brilhar e pareça ter sido costurada para esse corpo vestir. Quando se vê, superficialmente, há certeza de que foram feitos um para o outro: roupa e corpo.
Estica. Alarga. Finge que não vê a dobra, a ruga. Passa. Torna a amassar. Cai um botão. Talvez dois. Costura. Remenda. E continua não servindo.
Quem vê um lembra do outro. Quem vê o outro não consegue imaginá-lo em outro lugar do que junto ao um.
Aperta um pouco ali do lado. Quem sabe uma pença. Uma fita pra enfeitar? Pra disfarçar o que não está bem. Dobra um pouquinho. Põe outra peça por cima.
Não adianta: a peça não serve, mas mesmo assim não sai do armário.

Quantas coisas na vida insistimos em usar e levar adiante, mesmo quando não se encaixam na nossa vida?

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